Prevenção

Reduzir o risco de cancro gástrico: qual é o seu papel?

Reduzir o risco de cancro gástrico começa com medidas concretas de prevenção que podem ser adotadas por cada um de nós, de forma individual.

A infecção por Helicobacter pylori é o maior factor de risco para o cancro gástrico. Mas há evidências fortes a indicar que consumir frequentemente bebidas alcoólicas e alimentos conservados em sal aumentam o risco de cancro gástrico. Estar acima do peso ou ter obesidade também contribui para o aumento do cancro gástrico do cardia. Por isso, os maiores promotores do cancro gástrico estão ligados aos nossos hábitos de consumo, influenciando o risco de desenvolver ou não este tipo de cancro.

O cancro gástrico está no quinto lugar na lista dos cancros mais comuns em todo o mundo. Em Portugal ocupa o mesmo lugar: é o 5º mais comum entre homens e mulheres. De acordo com os últimos dados, em 2022 registaram-se mais de 3600 novos casos de cancro gástrico.

A associação entre o consumo de bebidas alcoólicas e este tipo de cancro é clara. Beber bebidas alcoólicas em doses excessivas, de forma regular, danifica quase todos os órgãos do corpo, além de produzir alterações no humor e no comportamento.
Três ou mais bebidas alcoólicas por dia (45 gramas ou mais) aumentam o risco de cancro gástrico. Para reduzir esse risco é importante baixar o consumo do álcool. Modere o consumo e reduza as doses.

O elevado teor de sal dos produtos processados, quando consumidos frequentemente, podem causar danos no revestimento da mucosa do estômago, promovendo inflamação, atrofia, além de estimular o ambiente ideal para a colonização do Helicobacter pylori.
Os níveis elevados de sal alteram a viscosidade da mucosa que protege o estômago e aumentam a formação de compostos N-nitroso. Além disso, a ingestão elevada de sal pode estimular a colonização do Helicobacter pylori, o mais forte factor de risco conhecido para o cancro do estômago.
Todas as carnes processadas, como são alguns exemplos da charcutaria que incluem presunto, salame, bacon, chouriço, salsichas e “cachorros-quentes” (aos quais são ainda adicionados nitritos ou nitratos ou outros conservantes) assim como as batatas fritas de pacote e outros produtos semelhantes contêm grandes quantidades de sal.

A necessidade de sal (o cloreto de sódio) para a saúde humana é muito menor comparativamente com a quantidade atualmente consumida. A Organização Mundial da Saúde recomenda o consumo médio de sal abaixo dos 5 gramas por dia, equivalente a menos de 2 gramas de sódio por dia. Cumprir esta recomendação depende de si e das escolhas que faz em cada refeição.

Reduzir o risco de desenvolvimento do cancro gástrico começa com medidas concretas de prevenção. Melhore gradualmente a qualidade do seu padrão alimentar e esteja atento a sinais e sintomas.

 

Referências: Gaddy, J. A., Radin, J. N., Loh, J. T., Zhang, F., Washington, M. K., Peek Jr, R. M., ... & Cover, T. L. (2013). High dietary salt intake exacerbates Helicobacter pylori-induced gastric carcinogenesis. Infection and immunity, 81(6), 2258-2267.; Di, Y., Ding, L., Gao, L., & Huang, H. (2023). Association of meat consumption with the risk of gastrointestinal cancers: a systematic review and meta-analysis. BMC cancer, 23(1), 782.; World Cancer Research Fund/American Institute for Cancer Research. Continuous Update Project Expert Report 2018. Diet, nutrition, physical activity and stomach cancer. Available at dietandcancerreport.org

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Margarida Vieira

Licenciada em Ciências da Nutrição pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto em 1991, especializou-se em Nutrição Clínica pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz e foi distinguida com o Prémio Danone em 2008.
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Margarida Vieira

Licenciada em Ciências da Nutrição pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto em 1991, especializou-se em Nutrição Clínica pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz e foi distinguida com o Prémio Danone em 2008.